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Lilian Donatti

A Psicoterapia e a Endometriose


A Endometriose é uma doença que acomete cerca de 16% das mulheres em idade reprodutiva. É caracterizada pela dor pélvica crônica, dificuldade para engravidar, dores na relação sexual. Inúmeros podem ser os prejuízos na vida da paciente: baixa qualidade de vida, perdas nas relações interpessoais e afetivas, dificuldades na sexualidade, perdas profissionais, depressão e ansiedade, presença constante de dor e estresse, sofrimento diante do reconhecimento da ausência de cura.

Algumas mulheres ainda encontram dificuldade no diagnóstico, porém hoje o número de estudos em relação a essa doença aumentou muito e já temos inúmeros e renomados profissionais especializados no tratamento.

Para um tratamento eficaz da endometriose, faz-se necessário uma abordagem multidisciplinar, ou seja, além do tratamento clínico com médicos especializados, é importante que a paciente também busque um educador físico e um fisioterapeuta, profissionais que poderão instruir quais os melhores exercícios que irão fortalecer a parte pélvica, auxiliando na melhora da dor; um bom nutricionista que oriente quais os alimentos mais indicados para uma alimentação saudável, contribuindo para a redução dos sintomas indesejáveis provenientes da endometriose; um acupunturista, prática que também contribui para o bem estar; e um psicólogo, que ajude a paciente a lidar com as questões emocionais que permeiam o contexto da endometriose. Cuidar de todos estes aspectos faz com que a paciente alcance uma melhor qualidade de vida.

A psicoterapia neste enfoque trabalhará com técnicas específicas para ajudar a paciente a identificar quais são as situações do seu cotidiano que facilitam e que dificultam a sua convivência com a doença. Quais as emoções envolvidas nesse processo e como a paciente está enfrentando estas questões. Em um trabalho totalmente personalizado de mapeamento de comportamentos e reações, a paciente encontrará um caminho para o autoconhecimento, a chance de trabalhar a auto-imagem, o auto-conceito corporal e o resgate ao feminino saudável. Tem-se como intuito, que durante o processo, a paciente torne-se capaz de desenvolver e/ou fortalecer a habilidade de lidar com uma realidade tão complexa e envolta em um contexto extremamente desafiador. Ao identificar os gatilhos situacionais e/ou emocionais do seu contexto, é possível desenvolver estratégias mais adaptadas e positivas para que se torne novamente protagonista de sua vida e não mais espectadora de uma doença que toma conta de vários âmbitos do cotidiano. Saber lidar com uma doença que não tem cura e sim controle é fundamental para alcançar uma melhor qualidade de vida.

Na pesquisa que desenvolvi (http://www.scielo.br/pdf/eins/v15n1/pt_1679-4508-eins-15-01-0065.pdf), foi possível observar que a forma como a paciente lida com a doença, interfere na depressão, no stress e na dor, assim, desenvolver estratégias positivas de enfrentamento da endometriose, facilitará a melhora no quadro de depressão, do stress e também auxiliará na melhora da dor. Mas para isso é preciso coragem! Coragem de mergulhar em um processo de auto-conhecimento e permitir que os pensamentos, emoções e comportamentos sejam mapeados e trabalhados em benefício do bem estar.

Este pode não ser um caminho fácil, mas é um caminho possível e, depois que a paciente encontra essas ferramentas internas para melhor lidar com a situação, é um mergulho em si que não tem mais volta, onde o caminho é sempre para frente em busca do auto-conhecimento e da melhora da sua condição de vida. Experimente, permita-se! Quem convive com a endometriose precisa de apoio, acolhimento e atenção.


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